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Lenda Egípcia – Separação das Águas

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  • 11/12/2015

Lenda EgípciaUma história interessante preservada no Papiro Westcar (documento escrito no princípio da dinastia XVIII, por volta de 1550 a. C).

O Rei Seneferu sentia-se extremamente entediado e deprimido, e em vão procurava em todos os salões do palácio, qualquer coisa que o divertisse. Mandou, por fim, chamar Tchatcha-em-anque, o sacerdote leitor chefe e escriba dos registros, ao qual contou sua aflição. Tchatcha-em-anque opinou que o rei devia mandar preparar uma barca, na qual as sacerdotisas reais o levassem para passear, remando, sobre a superfície espelhada do lago do palácio.

O rei pediu vinte remos de ébano marchetado a ouro e com pás de madeira leve marchetadas de ouro, que seriam manejados por vinte damas. As sacerdotisas estavam vestidas apenas por malhas em redes de pedras semi-preciosas, com ornamentos nas cabeças e tornozelos. Todas elas tinham lindos e longos cabelos, remavam e entoavam cantos egípcios.

O coração do rei se alegrou com este exercício, mas uma das sacerdotisas remadoras deixou cair na água uma jóia de turquesa, que levava presa ao cabelo e interrompeu o canto. As suas companheiras fizeram o mesmo e todas deixaram de remar.

Seneferu quis saber o motivo e elas responderam: “A nossa timoneira não rema”. O rei virou-se para a sacerdotisa que perdera a jóia e indagou por que não remava.

“Ah ! Suspirou ela, e lhe respondeu, – a minha turquesa caiu à água e o meu coração está triste.” O rei pediu-lhe que se mantivesse alegre, pois lhe daria outra jóia, mas a sacerdotisa respondeu que queria ter de novo a sua turquesa. Então o rei chamou Tchatcha-em-anque e informou-o do acontecido.

O sacerdote proferiu um encantamento fortíssimo e vede ! Metade das águas do lago dobrou-se sobre a outra metade e o rei e as remadoras viram no fundo a jóia, pousada sobre um fragmento da olaria. Tchatcha-em-anque desceu da barca, retirou a jóia e entregou-a à sua dona. Em seguida, ordenou às águas que voltassem para onde estavam anteriormente. E assim aconteceu. As águas voltaram a ser calmas e espelhadas em sua superfície.

Este fato surpreendente alegrou os corações de toda a comitiva, que passou uma alegre tarde, e Tchatcha-em-anque foi ricamente recompensado pela sua habilidade de mago. Khufu, Faraó da 4a Dinastia, gostou muito deste conto, tanto, que mandou dedicar ao ka de Seneferu uma oferenda.

CURIOSIDADE

Você sabia que a turquesa é considerada a pedra da sacerdotisa e das bailarinas de dança do ventre ? E também a pedra da sorte na cultura árabe?

PARA PENSAR

A divisão das águas, então já ocorrerá antes do episódio bíblico de Moisés, como data o papiro. Conto ou não, é um relato.


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