“Busque o melhor para você e seu corpo, pois seu corpo é seu templo e a dança é uma das formas mais ricas, dignas e belas de manifestação e expressão da vida. Use-a em seu benefício”.
Giselle Kenj
Dança Egípcia
Antes do Egito ser um grande império, ainda no período Pré-dinástico, enquanto o Rio Nilo seguia seu curso, ventos sopravam e moviam as areias quentes do deserto, formando figuras que faziam parte do cenário que iria abrigar a história de uma grande civilização, que participou e foi palco de infinitas histórias e mistérios até hoje não desvendados por nós, seres humanos, sendo um deles: a “Raks El Shark” – a:
Dança do Ventre
A origem desta dança atualmente tão executada não pode ser definida, e nem temos esta pretensão. Mas, podemos dizer que foi desenvolvida no Egito com maestria pelas sacerdotisas, inicialmente em caráter sagrado, religioso e festivo (ex.: dançar para agradecer a colheita abundante, dançar para comemorar o nascimento do filho do Faraó…). Era executada no Egito originalmente, em cerimônias fechadas de caráter essencialmente sacerdotal.
Com sua evolução e importância, foi se desenvolvendo e se expandindo bastando observar seus ritmos e harmonias. As danças tinham a ver com os temas que sustentavam a vida : oferendas, sacrifícios, rituais mágicos e cerimoniais, casamentos, festas, nascimentos, funerais, a caça, a guerra, as plantações e a colheita (fertilidade da terra), os deuses, os animais, o amor, o poder e os sentimentos humanos.
Os movimentos sinuosos e intensos das sagradas dançarinas eram contemplados pelos mais sábios homens nos templos e palácios, provocando a maior de todas as buscas; a busca pela “essência da vida”, pois misturavam conhecimento, emoção, equilíbrio e saúde, reverenciando a vida e atraindo a fertilidade dos pensamentos, através de uma dança rica em movimentos, força e expressão.
Depois da invasão do Egito pelos Hicsos (período Hicso) e demais povos como os romanos e árabes, a dança foi sofrendo influências de várias culturas, fazendo com que cada região adquirisse características próprias dentro desta dança.
Com a decadência das dinastias egípcias e depois de várias invasões, esta bela dança, que encantava a quem passasse pelas terras egípcias, foi levada para todo o Oriente e Ocidente, pelos árabes, encantando o mundo até os dias de hoje. Torna-se assim, a dança do ventre, conhecida por todos em geral fazendo parte da cultura árabe, passando a ser vista de forma não mais religiosa, nem sagrada.
A antiga “Raks El Shark” – “A Dança do Leste”, onde as mulheres dançavam expondo seu ventre ao sol, buscando as energias da criação, é designada no Brasil atualmente como “Dança do Ventre”. Vê-se a dança em questão, chamada então, por alguns de Dança do Ventre, Belly Dance ou Dança Oriental.
A dança na Atualidade
Atualmente, o Líbano e Egito são os maiores pólos da dança, onde grandes dançarinas foram de relevância para a história desta arte, com suas descobertas e inovações. Dançar de sapatos de salto alto, misturar estilos de roupas tradicionais de outras culturas nos figurinos como babados e nesgas, mixar nas músicas ritmos e melodias de outras origens como latinas e espanholas, mixar os movimentos tradicionais e antigos com os movimentos de dança provenientes de outras culturas, dançar numa piscina transparente com cobras, são exemplos de inovações.
Mas não devemos direcionar nossa atenção apenas para os países árabes, pois na Europa, Estados Unidos, como em muitos outros lugares esta arte vem contagiando homens, mulheres e crianças com uma força inexplicável.
Aliás, estamos tentando há muito tempo encontrar uma explicação, seja da estética, da sensualidade ou da energia desta arte. Onde está a força desta dança? Na sua história? Em seus movimentos? Em sua música? Em sua beleza? Na beleza da mulher, que se destaca nesta arte? Nas lendas e mitos do Egito Antigo e do Oriente? Como pôde esta arte sobreviver a todos os imprevistos do tempo e da história? Por que esta arte é tão executada na atualidade? Por que as mulheres brasileiras receberam tão bem esta arte?
Tantas perguntas só podem ser respondidas com muito estudo, muita dedicação e curiosidade; também através da intuição, a qual nos leva aos caminhos certos, pelos quais nos deparamos com a história da vida e das civilizações. Quanto mais pesquisamos, mais descobrimos que somente através da história e com muita humildade é que chegaremos perto de algo que nos elucide em relação à esta força tão enigmática.
No Brasil encontramos profissionais realmente capacitadas, estudando, pesquisando e reciclando seus conhecimentos, e divulgando esta arte por todo território nacional e internacional.
ESTILO EGÍPCIO: a bailarina interpreta e dança como uma Rainha, uma sacerdotisa.
Benefícios
Fortalecimento dos músculos trabalhados, aumento da flexibilidade e da resistência, melhora dos sistemas cardiovascular e respiratório, reeducação postural, maior amplitude nos movimentos e o trabalho da consciência corporal são alguns dos benefícios físicos.
Além disso, os movimentos da dança do ventre associados aos exercícios corretos provocam a dissolução da rigidez física da mulher, chamada também de “couraças musculares”. Essas “couraças” são causadas por repressões de caráter social e sexual, onde desde o nascimento começa-se a sofrer. Com a eliminação dessas couraças, liberta-se o corpo interno e externo, proporcionando à mulher uma saúde física e mental mais equilibrada e harmoniosa, para viverem com mais leveza e alegria.
Através de um trabalho corporal direcionado também podemos adquirir o alinhamento dos “chakras”. Os chakras são centros de força responsáveis diretamente pelo equilíbrio das energias do duplo etérico (corpo energético), sendo sete principais: básico / espinha dorsal, esplênico/baço, umbilical/plexo solar, cardíaco/coração, laríngeo/garganta, frontal/entre as sobrancelhas e coronário/alto da cabeça.
Além destes, temos pequenos chakras espalhados por todo o corpo. O fluxo vital destas diversas correntes regula a saúde das partes do corpo por onde passa. Mas, para que as energias possam fluir com naturalidade, devemos ter uma conscientização corporal e postural, a fim de que os chakras possam estar alinhados corretamente e prontos para a circulação das energias.
Um dos benefícios corporais de extrema importância é a harmonização na produção dos hormônios da mulher, como também o domínio da musculatura pélvica, que nos auxilia tanto nas funções naturais do corpo feminino, no parto, como também na saúde do bebê.
O que muitas pessoas não sabem, é que temos um outro hormônio, na atualidade mais divulgado, o DHEA, ainda não muito compreendido em sua função, mas que em certas quantidades reverte o envelhecimento. É uma substância secretada pelo córtex supra-renal, que participa dos processos de produção de adrenalina e do cortisol, hormônios do stress. Isto significa que toda vez que o organismo fabrica estes hormônios ele tem que usar um pouco do reservatório do DHEA, com que somos providos ao nascer e diminui drasticamente com a idade.
O que se conclui é que com o trabalho corporal e meditativo da dança do ventre evita-se muito o clima do stress, mantendo-se níveis de DHEA no organismo, o que nos indica que a idade biológica pode estar sendo revertida.
Tudo isto tem a ver com a bioquímica do corpo, que é um produto da consciência. Une-se então mente e corpo, e o trabalho da dança se efetua tanto do movimento para a emoção, como da emoção para o movimento. Assim, percebe-se mudanças físicas e psicológicas, onde as mulheres começam com movimentos rígidos, sem flexibilidade, sem leveza, e terminam com movimentos leves e sensuais, sentindo-se mais femininas e mais soltas.
Contém trechos de texto de Giselle Kenj publicado na Orient Express Magazine no 3 – Número 03